Pandemia, alimentos e emoções: como lidar?

Olá Vitaminados!

Como todos já sabem, estamos passando por um momento muito delicado e jamais vivido pela maioria: uma pandemia!

Ansiedade, medo, angústia, incertezas…. Posso enumerar uma série de sentimentos que já temos em um dia-a-dia “normal”, quem dirá nessa situação. É normal buscarmos recursos para nos animar um pouco em meio ao caos, mas quando esses amortecedores das emoções viram hábitos que podem nos prejudicar a longo prazo é preciso parar, avaliar e refletir sobre o assunto. Vamos tentar fazer isso agora, aqui, sem julgamentos.

Pandemia: tempos difíceis

O mundo não vive uma pandemia há muitos e muitos anos. Ninguém está preparado para lidar com isso e ninguém sabe o que esperar ou o que vai acontecer. É uma época de estresse: pessoas morrendo, notícias ruins a todo instante, gente perdendo emprego, muitos sem ter o que comer (o que é paradoxal, porque enquanto uns precisam se controlar outros morrem de fome). Sim, são tempos difíceis.

Não importa como era sua vida antes disso, ela foi alterada.Você pode se sentir entediado, estressado, sozinho. E tá tudo bem.

Uma coisa é certa: o ser humano busca prazer quando se sente assim, e se tem uma coisa que a comida faz por nós é isso: proporcionar prazer.  Saiba que comer para se acalmar ou se sentir mais feliz é uma habilidade de enfrentamento (super) válida. Não julgo nem por um instante quem faz isso, até porque em muitos dias a própria nutri aqui é essa pessoa.

Mas o que fazer quando o comer passa a ser algo emocional?

O que é o “comer emocional”?

“Comer emocional” não é um termo clínico, mas uma expressão que usamos para descrever o fenômeno de comer em resposta a um estado emocional em vez de fome. As pessoas comem por uma ampla variedade de razões – o estado emocional em que se encontram está entre essas razões – e isso é completamente normal. No entanto, o comer emocional se tornou uma expressão carregada.

Vivemos em uma cultura que nos castiga por comer em resposta a qualquer coisa que não seja fome. Aliás, fazer jejum hoje é algo glamuroso e necessário. Comer se tornou quase um pecado: imagina, comer sem sentir fome. A cultura das dietas nos faz acreditar que comer em resposta as nossas emoções é um grande problema. Isso é um mito.

Qual é o problema disso?

Nenhum. Não há nada de errado se descobrir que a comida é um dos recursos a que você recorre durante um período estressante. É completamente NORMAL.

Pode se tornar um problema se for seu ÚNICO mecanismo de enfrentamento. E olha só que interessante: pesquisas mostram que episódios do “comer emocional” é mais comum entre pessoas que não comem suficiente ou restringem a alimentação ao longo do dia.

Notei que estou assim. O que fazer?

Aqui estão algumas ferramentas que você pode utilizar nesse período se perceber que esses episódios estão acontecendo com frequência.

Pratique a aceitação

Sabe aquela expressão “aceita que dói menos”? Super verdade! Pare de ir contra. Aceita: se nesse momento você usa a comida para superar momentos difíceis, aceite. É isso, e tá tudo bem. Sei que pode parecer contra-intuitivo, mas se permitir comer o que está afim é importante. Porque se você sentir culpa pela maneira que está comendo e tentar fazer uma dieta ou restringir drasticamente sua alimentação para compensar o excesso de comida, vai continuar nesse ciclo maluco.

Permita-se comer os alimentos que gosta

E se engordar nesse período, tudo certo! A sociedade gordofóbica fez com que as pessoas tenham medo de engordar, um medo absurdo….. E você há de concordar comigo que engordar em meio a isso tudo é até privilégio: quer dizer que você tem comida para comer e está vivo. O que pode melhorar? Seja generoso e paciente consigo mesmo.

Certifique-se de que está comendo alimentos nutritivos e em quantidades adequadas nas principais refeições

Estou vendo muitas pessoas postando em redes sociais sobre como evitar o ganho de peso durante a pandemia, inclusive indicando jejum e dietas restritivas (muitas que nem mesmo são nutricionistas). Não é o momento. Não é o momento. Não é o momento. Entendeu? Precisamos do nosso sistema imune potente nesse período. Não é hora de restringir alimentos.

Nossa sociedade obcecada por magreza e dietas envia muitas mensagens ao nosso insconsciente de que comer menos é melhor. No entanto, essas restrições dietéticas podem sair pela culatra e te levar ao “comer emocional” ou compulsão alimentar. Tente comer o suficiente ao longo do dia, e preste atenção na qualidade desses alimentos. Quanto mais nutrido o seu corpo estiver, menor as chances disso acontecer.

Expanda suas estratégias de enfrentamento

Se comer tem sido sua única estratégia para enfrentar períodos estressantes, é bom adicionar novas ferramentas aí em sua caixa. Considere outras atividades que podem te acalmar, distrair ou descarregar essa energia.

Assim como treinamos o corpo, é preciso treinar sua mente. Ao tornar isso consciente, você passa a se questionar no momento em que está fazendo e parte para outra atividade. Mas lembre-se: isso é paliativo. Se seu problema estiver mais agravado, apenas uma boa terapia poderá resolver.

Procure ajuda

Não tenha medo. Você não está sozinho. É fácil dar conselhos quando não se vive a angústia da compulsão alimentar. É fácil dizer: vai pintar, ler um livro, se distrair. O negócio é muito mais forte que isso.

Se você estiver se sentindo fraco e dominado por esse comportamento, saiba que tem como sair desse ciclo. Busque terapia, nutricionista comportamental…. Isso vai te ajudar a se conhecer e saber lidar melhor com a situação. LEMBRE-SE: seja generoso e gentil com a pessoa mais importante desse mundo que é VOCÊ.

Com amor e saúde,

Giovana Morbi

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.