O que está te engordando?

Olá pessoal!

Em uma época com tanta informação sobre nutrição, nunca houve tantos casos de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, colesterol alto… Engraçado isso, não? O que será que está acontecendo?

Vou te propor um exercício: esqueça o que já ouviu até hoje sobre o assunto e tente lembrar qual era o seu alimento favorito na infância… Aquele que te faz salivar até hoje só de lembrar. Não pense em mais nada, apenas no cheiro, sabor e emoção que esse alimento te despertava.

Agora pense se este alimento ainda faz parte de sua rotina. Quantas vezes você o come por semana, por mês ou por ano? Sente a mesma sensação da infância ou hoje sente culpa ao pensar em comê-lo?

As pessoas passaram a separar os alimentos por categoria:

  • “Isso pode, isso não”;
  • “Não estou comendo glúten, nem lactose. Por que? Eu não sei!”;
  • “Estou em uma dieta sem carboidratos, como apenas a proteína”.

Como você classifica seus alimentos? Você come arroz com carne ou carboidrato com proteína? Ou talvez você coma números: “Agora no almoço foram 500 calorias…”.

A pergunta é: O QUE ESTÁ ENGORDANDO AS PESSOAS? A GORDURA?

A obesidade tornou-se uma epidemia. Hoje é muito grande o número de adultos e crianças obesas. Mas o que será que aconteceu para a incidência desta doença aumentar tanto?

Veja, não vamos falar sobre a questão estética aqui, certo? Todos somos lindos, cada um tem a sua beleza e o que agrada uma pessoa pode não agradar uma outra. Quero chamar atenção para a saúde. A SUA saúde.

Vamos entender um pouco como começou tudo isso. Muito do que sabemos sobre os supostos perigos da ingestão de gordura vem de um artigo publicado por um fisiologista de Minnesota chamado Ancel Keys. No influente artigo, ele escreveu que enquanto a taxa de mortalidade nos Estados Unidos declinava, o número de mortes causadas por doenças cardíacas aumentava constantemente. Por que será que isso estava acontecendo?

Então ele apresentou uma comparação do consumo de gordura e das mortes causadas por doenças cardíacas em seis países: Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália, Japão e Itália.

Os americanos, que comiam a maior quantidade de gordura tinham os maiores índices de mortalidade por doenças cardíacas. Já os japoneses, população com menor consumo de gordura, tinham também os menores índices de doenças cardíacas. Os outros países ficavam entre os dois e assim, Keys chegou à conclusão que quanto maior o consumo de gordura, maiores as chances das pessoas desenvolverem doenças cardiovasculares. Tornou sua hipótese pública e a intitulou de Diet-Heart Hypothesis ou “Hipótese da Dieta – Coração”. Mal sabia ele o que aconteceria no futuro.

Porém, toda história tem dois lados. Na época em que Keys tornou pública sua teoria, muitos cientistas contestaram suas afirmações. Um dos críticos, Jacob Yerushalmy, fez um artigo indicando que apesar dos dados analisados por Keys estarem corretos, havia estatísticas de mais 22 países a serem analisadas.

Quando isso aconteceu, viram que a relação entre o consumo de gordura e doença cardíaca simplesmente desaparecia. Na Finlândia, por exemplo, a mortalidade por doenças cardíacas era 24 vezes maior que no México, embora o consumo de gordura nas duas nações fosse similar.

Outra crítica à teoria de Keys seria o fato dele apenas correlacionar dois eventos, sem identificar uma causa real. Apesar de tudo, esta hipótese passou a ser fortemente promovida pela Associação Americana de Cardiologia, que oferecia ao público uma explicação razoável para o aumento de mortes causadas por doenças no coração.

No entanto, havia muito o que questionar. Keys escolheu os países mais prováveis para confirmar sua hipótese e excluiu de sua pesquisa países como a França, local onde a dieta é rica em gordura e mesmo assim, possui baixos índices de doenças cardiovasculares. Como explicar tal fato?

Comer tornou-se algo difícil. Não é mais um ato tranquilo e simples. Trazemos conosco muitas informações e crenças divergentes. Restringir alimentos da sua dieta por conta própria ou grupos alimentares, como a gordura ou o carboidrato, não é um caminho inteligente.

COMA COM ALEGRIA! O QUE NUTRE SUA ALMA?

 

Nosso organismo entende a gordura como PROTEÇÃO. Em casos de dieta restrita, nosso cérebro se adapta à escassez (a falta de alimentos “desacelera” seu metabolismo para que você não gaste muita energia e aumenta sua fome, afinal precisa se proteger).

A manteiga, por exemplo, vem da gordura do leite e é utilizada há muitos e muitos anos pelos humanos. Há algumas décadas, com toda a história que contei acima, este tipo de nutriente foi rotulado como “do mal” e diziam que toda a população deveria reduzi-lo de qualquer jeito.

Embora existam mais de uma dúzia de tipos de gordura saturada, os humanos consomem predominantemente três deles: o ácido láurico, ácido palmítico e ácido esteárico. Este trio corresponde à 95% da gordura de uma fatia de bacon ou quase 70% da manteiga e leite integral.

O ácido láurico (encontrado no coco, óleo de coco) e palmítico elevam o colesterol TOTAL. Ou seja, embora eles elevem o LDL, considerado “o colesterol ruim”, também aumentam o HDL, popularmente conhecido como “o bom colesterol”. Este fato muda tudo, pois ao aumentar o HDL, reduz o risco de doenças cardíacas. E como? O LDL acumula nas artérias, enquanto o HDL o remove. Isso explica por que muitos estudos mostram que a proporção LDL/HDL é um melhor preditor de doença cardíaca futura do que o LDL isoladamente.

Já o ácido esteárico, encontrado em boa quantidade no nosso querido cacau e na gordura animal, é convertido no fígado em uma gordura MONOINSATURADA chamada ácido oleico. Este tipo de gordura, encontrada no azeite de oliva por exemplo, é benéfica para a saúde e protege o coração do aparecimento de doenças.

Mas se não é a gordura responsável pela obesidade, o que é?

Se eu te oferecer uma colher cheia de açúcar você não conseguirá comer muito dele. Se eu te der uma tigela de creme de leite, você também não verá muita graça nisso e provavelmente não comerá a tigela até o final. Mas se eu misturar o creme de leite com o açúcar e colocar no congelador formando um delicioso sorvete de chantilly, aposto que você vai devorar tudo.

Preste atenção nessa informação: nenhum alimento da natureza possui 50% de carboidrato e 50% de gordura em sua composição. Sabe onde você encontra essa proporção de nutrientes? Em produtos industrializados como chocolates e biscoitos, no pudim, no sorvete, etc… Enfim, em nosso dia-a-dia.

Essa combinação da gordura hidrogenada com o açúcar deixa TUDO extremamente saboroso e somos cercados por esses alimentos, desde a loja de conveniência no posto até a padaria próxima a nossa casa. Se o alimento é saboroso, você há de concordar que comeremos com mais frequência, né? Nosso corpo vai querer cada vez mais deles… E sabe por que?

Porque essa proporção de nutrientes encontrada nos produtos que mencionei acima mexem no centro de recompensa do seu cérebro e proporcionam prazer, o que leva ao vício.

Então aqui temos dois fatores:

1- a combinação do açúcar com a gordura deixa TUDO MUITO SABOROSO, o que faz com que você coma com mais frequência e sem restrições.

2- o fato de que essa combinação estimula o centro de recompensa e prazer no cérebro explica o porquê de muitas pessoas realmente sofrerem na hora de controlar esse tipo de alimento.

Não há um alimento culpado por isso por si só. A obesidade é uma doença multifatorial, ou seja, são muitas causas envolvidas e muitos estudos estão voltados para isso. Mas uma coisa é indiscutível: apenas uma boa alimentação e exercícios físicos são capazes de mudar este quadro de forma sustentável, porém deve haver acompanhamento psicológico também, afinal somos corpo, mente e alma.

Sei que esse papo de “equilíbrio” pode “encher o saco”, afinal como dizer para uma pessoa VICIADA nesses alimentos que é preciso ter equilíbrio, não é? Mas é importante que a gente volte a se conectar com nosso corpo, sem desenvolver MEDO de comer.

 Pense nisso!

Com amor e saúde,

Giovana Morbi 

7 Comentários

  1. por ana maria de souza - 20 de fevereiro de 2015  8:16 Responder

    Adorei sua explicação, a maioria das matérias que falam sobre o assunto deixam mais duvidas,na verdade precisamos mesmo e de equilibrio..Fazer mais exercícios e nem sempre no primeiro programa ou matéria assistida correr e cortar alimentos. Sou representante de alimentos e sei que por traz de muitas matérias tem as indústriias querendo vender e assim supervalorizar ou desvalorizar alguns,na busca desenfreado de vantangens financeiras.

    • por giovana - 21 de fevereiro de 2015  20:59 Responder

      Que bom Ana! É isso mesmo, não podemos acreditar em tudo que lemos... Adorei seu comentário! Super beijo, Giovana Morbi ♡

  2. por Salma - 23 de fevereiro de 2015  19:03 Responder

    Ola boa noite. Nossa são tantas as informações. Bom vamos lá não quero emagrecer quero perder barriga, como faço sou muito alta e magra mas esta barriguinha não me larga. Gostaria de saber se a algo que eu possa fazer sem ser cirurgia? Grata esperando sua resposta.

    • por giovana - 25 de fevereiro de 2015  11:32 Responder

      Oi Salma,

      Difícil de responder isso assim, de forma tão simples. Eu teria que conhecer um pouco da sua história e estilo de vida... Por que não tenta marcar uma consulta comigo?
      Há algumas estratégias, mas tenha em mente que você precisa associar a alimentação com atividade física. Realmente a gordura localizada é persistente, difícil de sair, mas para tudo a gente dá um jeito!
      Um grande beijo e obrigada pelo contato,
      Giovana Morbi ♥

  3. por Natalia de Souza - 4 de maio de 2016  15:20 Responder

    Boa tarde Giovana!
    Parabéns por todos os seus posts e áudios! Aproveito todos!
    Você comentou na rádio Vida nesta segunda feira da alta quantidade de fibras presentes em uma raíz, mas não me lembro o nome desse alimento...
    Você pode me informar?
    Grata,
    Natalia.

    • por giovana - 5 de maio de 2016  18:18 Responder

      Oie Natalia!!

      Pode ser a batata yacon ou a maca?!

      Escrevo tantas que nem sei! haahaha, vou olhar direitinho e te falo, mas acho que é alguma dessas!

      Beijão,
      Giovana Morbi

  4. por N maatalia de Souza - 4 de maio de 2016  15:33 Responder

    Boa tarde Giovana!
    Parabéns a todos os seus posts e áudios! Aproveito todos!
    Você comentou na rádio Vida nesta segunda feira, do alto teor de fibras presentes em uma raiz, consumida no Japão há mais de 100 anos... Mas não consigo me recordar qual alimento é esse. Você pode me informar???
    Grata.
    Natalia

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