Para emagrecer, devo comer só proteínas?

Olá pessoal!

Quando pedi sugestões de pauta aqui para o blog muitas pessoas perguntaram a respeito de dietas com pouco ou nenhum carboidrato. Será que essa seria a solução para a epidemia da obesidade? Afinal, se para emagrecer precisamos apenas tirar um grupo de alimentos, todos os problemas de saúde estão resolvidos, certo? Errado.

No post de hoje falarei um pouco sobre isso. Espero esclarecer dúvidas e te ajudar de alguma maneira!

Quando chego em algum lugar é comum me perguntarem a respeito de dietas ao saberem da minha profissão. Em meio a essas conversas, percebo que existe uma forte crença de que o carboidrato engorda e é considerado o “vilão” da boa forma, enquanto a proteína emagrece e pode ser consumida sem moderação.  Pessoal, isso é mito.

Primeiro: a proteína possui o mesma quantidade de calorias do carboidrato – são 4 calorias por grama. Ou seja, quando se fala em calorias, são equivalentes. O que difere um do outro é a função e a forma como são metabolizados em nosso organismo. É importante destacar o fato de que em um processo de emagrecimento saudável (eu disse SAUDÁVEL), TODOS os nutrientes são essenciais, cada um com sua função. Portanto, se for por conta das calorias, não há diferença.

Não posso negar que se você retirar todo o carboidrato de sua dieta irá perder peso. E é justamente essa a questão: perder peso não significa que você emagreceu. O QUE? COMO ASSIM?

Perder peso na balança não quer dizer que você perdeu gordura.

EMAGRECER = menos gordura e mais massa muscular

Músculos pesam mais que gordura e são cheios de água! Você pode mudar drasticamente o formato do corpo sem reduzir um quilo na balança, sabia?Porém, muitos devem estar se perguntando:

“Imagina!!! Eu fiz (ou conheço alguém que fez) a dieta da proteína e fiquei super magro (a), me sentindo bem! Não acredito no que está dizendo…”. Antes de qualquer coisa, entenda o que acontece com o seu corpo quando você o submete a uma dieta desse tipo. Vou tentar te explicar  da maneira mais fácil, certo?

O carboidrato é nossa principal fonte de energia. Na falta dele, entramos em nossa reserva. Essa reserva que temos em nosso organismo é cheia de água. Ao restringir a alimentação retirando esse nutriente da dieta, o corpo utiliza essa reserva para que você mantenha sua glicemia (taxa de açúcar no sangue) estável, para não correr o risco de desmaiar por aí. Ao usar a reserva, toda água é eliminada. Você se sente mais “seco”, afinal perde toda aquela água que estava armazenada.

 “Opa, 3 quilos em menos de 4 dias. A dieta está dando certo e não estou passando fome!”

O consumo de alimentos ricos em proteína, como a carne, realmente traz mais saciedade do que os alimentos ricos em carboidratos, como um prato de macarrão. É só fazer um teste: coma apenas carne em um dia e no outro apenas macarrão. Marque depois de quanto tempo sente fome. Você verá que a carne te deixará saciado por mais tempo.

As proteínas, assim como as gorduras,  são nutrientes que possuem uma digestão mais lenta que os carboidratos e exigem muito mais do nosso organismo.

Carnes são ricas em proteínas E gorduras. Ou seja, a digestão é mais mais demorada e exige muito do corpo! Por isso depois de um churrascão a única coisa que você quer fazer é dormir: toda sua energia fica concentrada no processo de digestão.

Outro motivo que faz com que as pessoas acreditem nesse tipo de dieta é o seguinte: pelo alto teor de proteínas e gorduras e ausência de carboidratos (glicose), a insulina (hormônio produzido quando precisamos colocar o açúcar ou glicose dentro das células para termos energia) fica baixa na corrente sanguínea. Com isso, utilizamos nossas reservas de… Gordura! Sim, a gordura passa a ser utilizada como fonte de energia. A queima de gordura produz substâncias chamadas corpos cetônicos, que reduzem a sensação de fome, mas que em excesso são extremamente tóxicas ao nosso organismo. Além disso, as proteínas dessas dietas (consumidas em excesso) são transformadas em glicose pelo corpo, afinal precisamos de glicose para nos manter vivos e o organismo se adapta a qualquer condição para manter tudo funcionando da melhor maneira possível.

Você queima gordura? Sim. Você se sentirá mais “seco (a)”? Sim. Mas isso quer dizer que você se manterá saudável? Não necessariamente. O que é ser uma pessoa saudável? Além de estar com os exames em dia, para uma pessoa ser considerada realmente saudável, ela precisa estar com a mente equilibrada, sem paranoias, se sentindo realmente feliz e completa, independente do seu peso. Vejo diversos casos diariamente em meu consultório e posso dizer que se tem uma coisa que tenho certeza é que ninguém é igual. Por isso, não gosto de generalizar absolutamente nada. O estudo da genética na área da Nutrição está aí para provar que cada organismo reage aos alimentos de um jeito. Se chegar uma pessoa e dizer que come apenas uma ou duas porções de carboidratos ao dia, mostrar exames perfeitos e dizer que tem muita energia, não duvidarei. Seu organismo é programado dessa forma, mas de forma geral esse tipo de dieta não é recomendado e pode causar sérios problemas a saúde.

Alguns problemas que esse tipo de dieta pode trazer:

  • É altamente inflamatória.
  • Pode trazer grande instabilidade emocional, ansiedade e irritação.
  • A prática de atividade física fica comprometida pela mínima quantidade de glicose e glicogênio muscular disponível (a perda de massa muscular é certa).
  • A necessidade de água aumenta muito quando se faz esse tipo de dieta, o que aumenta o trabalho do fígado e rins, que lutam para remover o nitrogênio que sobra da proteína.
  • Por ser uma dieta rica em alimentos ácidos, o corpo passa a utilizar o cálcio para manter o pH do sangue, o que faz dela uma dieta descalcificante. Por isso, minha amiga que está na menopausa, não faça dietas restritas dessa forma sem acompanhamento. Isso pode render uma osteoporose que poderia ser facilmente evitada, certo?
  • É uma dieta rígida, restrita, difícil de seguir por um longo período. Quando você voltar a comer carboidratos, a insulina vai subir subitamente e toda a gordura que estava sendo usada é armazenada. O corpo passa a estoca-la para se proteger de uma possível escassez de alimentos (ele não quer sofrer novamente e guarda toda gordura que puder para se proteger). Por isso emagrecer fica cada vez mais difícil.

Não generalize os carboidratos. Não podemos tratar o carboidrato encontrado em legumes, feijões, verduras, raízes, sementes e grãos da mesma forma que o carboidrato encontrado no açúcar refinado. São metabolizados e utilizados pelo nosso organismo de formas diferentes.

Quando falamos em dieta, tudo depende do seu objetivo. Se você só procura por resultados estéticos, sem se importar em como aquilo age em seu organismo e os possíveis efeitos colaterais que pode trazer, você se submeterá a esse tipo de dieta feliz da vida. Já uma pessoa que tem como objetivo manter a saúde, tanto física quanto mental, não ficará feliz ao se submeter a estas restrições. Ao “furar” a dieta, se sentirá mais frustrado e infeliz. A alimentação torna-se algo difícil, complicado e um assunto delicado.

Você PRECISA se alimentar todos os dias de sua vida. Se o momento da refeição for algo estressante, penoso e infeliz, você terá um “problema” ao longo de toda a sua trajetória. Já temos tantos problemas para resolver… Seria muito ruim se a alimentação, algo fisiológico e necessário para a nossa sobrevivência, se tornasse mais um. Mas é justamente isso que virou: comer ficou difícil, penoso, restrito.

Sempre digo que a melhor dieta para você é aquela que te deixa feliz, com motivação, disposição, equilíbrio físico, mental. Sinta seu organismo: coma quando sentir fome, pare quando estiver satisfeito, escute suas vontades e ceda aos desejos, quando necessário. Mas faça isso com consciência: pare, observe, sinta. O presente é aqui e agora.

Com amor e saúde,

Giovana Morbi

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